quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

eu procuro nos meus passos tudo aquilo que procurei ser, e se estático me encontro, como posso ser passos... vem em minha mente a parábola dos “passos sobre a areia”, engraçado... se me encontro estático é sobre seus braços que ando, eu procuro uma identidade sobre os passos que vejo, algo que nos torna semelhante, algum semblante alguma curvatura sobre a forma, eu procuro um algo que me torne digno de ser levado em seu colo, uma consangüinidade uma amizade, procuro na história um primeiro encontro, o menor que seja... o mais imparcial até mesmo, mas não consigo relembrar o dia, a data ou o ano, apenas uma leve penumbra de cantigas disparadas para convencer meu sono, eu fico pensando o quanto eu devo, o quanto eu dôo o quanto entrego, por me levar no colo e mesmo com todas as fagulhas permaneço inerte carregado em seu colo, quando penso nisso, sinto a areia entre meus dedos, meu corpo curvado por falta de força, sendo erguido pela tua rara calma, meus olhos entreabertos e meus pensamentos confusos, penetram teus olhos, e meu coração que antes dilacerado, fica calmo, como a água que beija a areia na beirada, relembro as dores, as magoas e lápides, algo que pairou e paira sobre o peito, algo que contrai o músculo, querendo diminuir algo grande, o suficiente para caber algo tão pequeno... relembro os consolos, as curas e a ressurreição, o renascimento, o novo... sobressaindo o velho, tomando conta do ser. Nesse momento sinto meu corpo erguido, pequenos passos ensaiados, a alegria nos lábios, e o medo da queda, nesse momento vejo o trabalho do corpo, sinto o estremecer da gravidade, vejo um mundo a volta em que o tapume das minhas fragilidades, fragmentava ou até mesmo cegava, não permitindo contemplar o horizonte, abro minha boca, e papuço pequenas palavras, pequenas frases, sem muito saber o que falo, apenas permito que minhas cordas vocais vibrem, que meus lábios mexam e que a vós que antes calada, sem expressão sem vida, ganhe forme e identidade. Sinto sua mão sobre a minha, sinto a admiração e a inquietação no peito, vejo minha ordenação dos passos, do corpo e da mente, uma Independência, uma liberdade... algo que experimentará constantemente, primeiros pulos, o tato sobre a areia e a água, fecho os olhos, sinto o vendo entrelaçar meus cabelos, abro os braços e sinto o cheiro da maresia... das flores pequenas que cercam as areias, retornei meus olhos a ele, com uma admiração extrema, contei as maravilhas que estava a viver, vi seus olhos trêmulos, um sorriso constante em seus olhos, lágrimas caiam, senti medo, não consentira em meu peito uma emoção igual, em poucas palavras ele fala: caminha... segue teus passos, eu estou aqui.

sigo meus passos, sabendo que não estou só, se eu cair, a certeza que suas mãos irão me erguer.

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